Conceição Evaristo
- filosofia ludica
- 4 de jun. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 5 de jun. de 2020

''Homens, mulheres, crianças que se amontoaram dentro de mim, como amontoados eram os barracos de minha favela'' (p. 21).
Evaristo, 2006, Becos da Memória
Maria da Conceição Evaristo de Brito nasceu em 29 de novembro de 1946. É graduada em Letras pela UFRJ. E trabalhou como professora da rede pública de ensino e da rede privada de ensino superior. Sempre esteve inserida na luta pela valorização da cultura negra no Brasil. Em 1990 começou a publicar seus escritos na série ‘’Cadernos negros’’. Seu material é sempre ligado às experiências da comunidade negra.
Em 2003, publicou ‘’Ponciá Vicêncio’’, um romance afro-brasileiro. O qual foi bem recebido pela crítica e incluído em listas de alguns vestibulares de universidades brasileiras. Em 2006, seu segundo romance ‘’Becos da
memória’’, foi publicado. Curiosamente, este foi escrito entre os anos de 1970 e 1980 e só foi concedido aos olhos dos leitores anos depois.
Conceição seria a primeira escritora negra a compor a Academia Brasileira de Letras, mas não conseguiu o feito. ‘’Sua derrota era esperada: Evaristo entrou na disputa para expor a falta de representatividade negra e feminina na centenária academia. Recebeu apenas um voto’’
Em uma entrevista (disposta abaixo), Conceição diz que a crítica literária não acredita que a experiência negra - de autores e autoras - possa ser matéria de ficção. E que várias obras se inspiram nas culturas africanas ou afrodiaspóricas para criar escritos. Mas quando esse universo é escrito por mãos negras, tudo parece ser mais difícil de aceitação. Trazendo a sensação de que o próprio negro não detém a liberdade para gritar ao mundo suas dores, seus anseios, suas alegrias; suas histórias.
Nas obras de Conceição, são retratadas imagens e situações do cotidiano. Buscando construir personagens que conversem com as experiências da autora. Suas obras são habitadas por favelados, mendigos, prostitutas; que contrasta com outra esfera composta por empresários, policiais…
Conceição, na mesma entrevista citada acima, traz uma percepção muito importante acerca da vivência na escrita das histórias. Pois, quando uma mulher escritora negra, que já vivenciou tal posição, escreve acerca de uma empregada doméstica, ela escreve de dentro. Quando essa mesma escrita parte de uma mulher branca, o enquadro é diferente. É como se a mulher branca estivesse na posição da patroa e não da empregada - a sensibilidade não é a mesma.
‘’Escrever é uma forma de sangrar, e a vida é uma sangria desatada.’’
Conceição Evaristo
Referências
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